Sua arte vai está em exposição no Balaio Cultural deste sábado (04)
Por Fábio Rocha
Para o Mais Tuparetama
Os obstáculos da vida o conduziram a arte, e a arte lhe
devolveu a vida. João Batista da Silva trabalhou na roça o quanto pôde. Mas uma
sucessão de acidentes e fraturas repentinas o tiraram do trabalho e o jogaram
no auxílio-doença do INSS. Diante desta situação, Bita, como é conhecido, caiu
no vício do álcool. "Me tornei alcoólatra. Via outros conhecidos que
recebiam o auxílio perderem o benefício, então meu medo de ficar sem ter com o
que me sustentar me levava a beber. Esse medo não passava e eu precisava beber
para dormir", lamenta o artesão.
Sua história vai de uma infância dividida com mais 15
irmãos, passando por chefe de família até se separar e ver sua filha casar-se.
Com a casa vazia Bita foi tomado pela solidão do dia a dia e mergulhou no
excesso da bebida e do cigarro. Foi nesse momento que enfrentou as dificuldades
e criou o que nunca tinha feito: artesanato. Aí, encontrou um novo sentido à
vida e parou à compulsão dos vícios.
O artesão, que hoje soma mais de 100 obras à venda, diz que
passa 10 horas por dia, de domingo a domingo, talhando a madeira de 2 ou 3
peças para em 3 dias concluir uma obra. Isso porque quando “esquento a cabeça
com um trabalho tenho que deixar aquele e pegar outro”, depõe.
Todo a produção é manual, pois o tratamento médico para as
fraturas o impede de usar ferramentas elétricas, “por isso tenho medo de levar
choque”, esclarece o artesão. Então, a madeira bruta é lavrada com uma
machadinha, depois trabalhada com o serrote, aí, vem as serras e por fim as
facas.
Assim, aos pouco, o trabalho que faz ganha forma, sempre
retratando o cotidiano rural da região, desde quando começou há 5 anos. Hoje
com 48 anos, Bita mostra com orgulho numa estante, na sala de sua casa, o
artesanato à venda. É o carro-de-boi, a vaquejada, o cavalo, a mulher apanhando
algodão, obras representando o Sertão e
o sertanejo. “Eu me inspirei aí, porque toda vida eu trabalhei na agricultura e
geralmente as coisas que eu faço é praticamente tudo aquilo que vejo na
agricultura, no campo”, resume o artista que vende chaveiro a R$ 5 reais e
peças mais elaboradas a R$ 80, podendo chegar a R$ 100 Reais.
A umburana é árvore rara e boa
A umburana é a matéria prima de Bita, que ressalta a
dificuldade em consegui-la devido a queima desenfreada em fornos à lenha. “Mas,
qualquer pedaço de madeira dá ‘mei’ mundo de peças, porque eu só trabalho com
peça pequena”, salienta.
Para o artesão a umburana é boa porque é uma madeira
resistente, fácil de trabalhar e não é lascadeira, ou seja, não se racha no
momento em que está sendo preparada ou mesmo com o passar do tempo. Porém, Bita
avisa que “é uma madeira quebradeira, quando a peça está pronta qualquer queda
quebra”.
Acidentes Sucessivos
Tudo começou com uma queda de cavalo. Bita estava galopando
no mato quando caiu e quebrou a perna direita. Recuperou-se um pouco e foi
andar de moto, aí, caiu e quebrou o pé em quatro cantos, na mesma perna do
acidente anterior. Com poucos dias que tinha retirado o gesso do pé, foi
levantar às pressas dentro de casa e tornou a cair. “Estava sem as muletas, não
deu outra: caí e quebrei o colo do fêmur. Todos esses acidentes em menos de
dois anos. Depois disso não consigo mais andar normal”, lamenta o artista.
Venda do artesanato
Segundo Bita as lojas de artesanato querem ficar com mais de
80% do valor da obra. Por esse motivo prefere vender em sua residência.
Os interessados devem procurar a casa do Artesão que fica na
Rua Benedito Manoel de Lima, número 78, na cidade de Tuparetama/ PE. CEP:
56760-000
Serviço do Evento:
Balaio Cultural
Quando: Sábado (04/02)
Local: Hall de eventos da Academia da Cidade de Tuparetama.
Hora: 20hs
Mais fotos do artesão abaixo.
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