terça-feira, 30 de agosto de 2016

Entrevista com Andrezza Guimarães, ex-secretária de Saúde de Tuparetama

Andrezza Guimarães foi Secretária de Saúde de Tuparetama durante as gestões do ex Prefeito Sávio Torres (2005/2012). Considerada uma das cem melhores Secretárias de Saúde do Brasil na época, Andrezza foi responsável por desenhar um novo modelo da forma de gerir a saúde pública em nossa Tuparetama. Aliando uma extraordinária capacidade de gestão com a assistência indiscriminada e humana, construiu uma história de amor e reciprocidade com nossa terra que não permite ruptura.

Formada em Direito pela ASCES e Pós-graduada em Direito Público, ênfase em Gestão Pública, hoje presta Consultoria em Gestão de Saúde Pública, nos diversos municípios da nossa região e alguns municípios do agreste e da Paraíba. 


ENTREVISTA

1. MAIS TUPARETAMA: Você foi Secretária de Saúde durante oito anos, comandou a pasta mais sensível da gestão e saiu com uma avaliação popular imensa, quais os primeiros desafios encontrados quando assumiu a pasta e como conseguiu contorná-los?

ANDREZZA: "Minha primeira impressão foi observar as necessidades básicas da população e tentar suprir as dificuldades existentes. Notei, muito claramente, que era um povo que merecia muito e tinha pouco, no que diz respeito à qualidade estrutural para o atendimento, saúde básica, prevenção, assistência social, educação em saúde. Enfim, tivemos muitos desafios, mas sempre busquei focar naquilo que o município necessitava, olhando para o futuro. Fizemos muitos projetos, avaliações de indicadores e busquei também ouvir a população, o que norteou a gestão". 

2. MAIS TUPARETAMA: Como funciona a organização estrutural da saúde em nosso município? Contamos com quais e quantas unidades de assistência e tratamento de saúde?

ANDREZZA: "Tuparetama conta com três ESF (Estratégia Saúde da Família), uma Unidade Hospitalar, uma Unidade de Vigilância Sanitária, uma Academia da Saúde, um NASF (Núcleo de Assistência a Saúde da Família), um LRPD (Laboratório Regional de Prótese Dentária) e sede da Secretaria de Saúde onde funciona também posto de vacinação".

3. MAIS TUPARETAMA: Durante a gestão Sávio a nossa Unidade Mista de Saúde Severino Souto de Siqueira era referência regional na realização de procedimentos cirúrgicos e elogiada pelo corpo clínico no que tangia a estrutura e assistência. Como funcionava os índices de produtividade do nosso hospital e como essa produtividade colaborava com o alto índice de aprovação técnica e popular da saúde?

ANDREZZA: "Logo no início da gestão, os procedimentos executados eram remunerados de acordo com a produtividade do hospital, isso nos estimulava muito a atender mais e melhorar a estrutura da Unidade, consequentemente o atendimento. Eram feitos procedimentos considerados de média e alta complexidade, que até mesmo os hospitais regionais tinham dificuldade em executar, motivo de orgulho pra região. Tudo isso fruto de incansáveis projetos técnicos de equipamentos, reformas, contratações e solicitações, não menos incansáveis de Sávio, ao Secretário Estadual de Saúde, Governador e Ministro da Saúde da época. Porém, após assinatura do Pacto pela Saúde e a regionalização, em resumo, os recursos ficaram fixos, diminuindo muito os recursos da unidade, e mesmo assim Sávio jamais permitiu que deixássemos de produzir e avançar ainda mais, era investido muito no hospital. Além de contar com um corpo clínico aguerrido, todos os funcionários trabalhavam incansavelmente para que todos fossem bem atendidos, e para tudo dar certo". 

4. MAIS TUPARETAMA: Em relação às importantes obras como a reforma e ampliação do hospital, aquisição de material e medicamentos e a climatização dos leitos e blocos cirúrgicos, foram de fato, iniciados na gestão Sávio Torres?

ANDREZZA: "Deixamos projetos e algumas obras iniciadas, outras já concluídas como: Reforma e ampliação do hospital, sala de raio X, lavanderia hospitalar, climatização do centro cirúrgico, apartamentos e pediatria; construção das Unidades de Saúde da Família na Vila Bom Jesus e Cajueiro; Unidade de Saúde da Família do Centro em fase de finalização da obra assim como a reforma da sede da Secretaria de Saúde; deixamos também aprovado o projeto e recurso depositado na conta para construção do Posto de Saúde em Santa Rita". 

5. MAIS TUPARETAMA: Quais as ações mais relevantes, que você considera, para população que foram alcançadas na sua passagem pela secretária de saúde?

ANDREZZA: "Tivemos muitas ações relevantes, muitas obras, aquisições de equipamentos e material permanente, modernização do hospital, ampliação e implementação de vários programas sociais, contratação de especialistas, implantação de serviços no próprio município, aumento da cota de exames, aquisição de ambulâncias. Mas acredito que o principal, era atenção e o carinho que dispensávamos aos pacientes, adorava atende-los, o que me trouxe aprendizado e uma experiência como pessoa impagável". 

6. MAIS TUPARETAMA: O TFD é um importante programa de assistência aos enfermos e seus acompanhantes que precisam realizar procedimentos em outras cidades. Como o programa era administrado e em média, qual a quantidade de pessoas atendidas mensalmente no programa?

ANDREZZA: "O Programa obedecia a critérios de portaria Federal e estadual, porém era implementado pelo município, uma vez que os recursos desse programa eram mínimos. Apesar disso, conseguíamos atender a maioria das demandas existentes".

7. MAIS TUPARETAMA: A assistência básica viveu um importante momento nas gestões 2005/2012, qual era a meta da secretaria no que tange a esses programas que alcançam a população nas necessidades mais fundamentais?

ANDREZZA: "A avaliação de indicadores sempre norteou a administração da secretaria de saúde, nada era feito aleatoriamente, tudo planejado em conjunto pela equipe de atenção básica. Tive a sorte de contar com coordenadores comprometidos, Agentes de Saúde empenhados e uma equipe sensível aos problemas da população. Éramos sempre atentos, sobretudo as necessidades dos mais carentes". 

8. MAIS TUPARETAMA Existia o atendimento de especialidades promovido pelo município? Como acontecia? Quais eram as especialidades?

ANDREZZA: "Existia, eram marcados pela central de regulação do Município, sempre encaminhados das Unidades de saúde e/ou hospital. Algumas especialidades atendiam no município, outras tínhamos convênio, os pacientes eram atendidos em outros municípios, tais como: Cardiologia, Neurologia, Urologia, Pediatria, Ginecologista, Ultrassonografia, Ortopedia, Psiquiatria, Gastroenterologia, Cirurgia geral, dentre outros".

9. MAIS TUPARETAMA: Extensões da saúde municipal como o laboratório e a farmácia como funcionavam no atendimento a população?

ANDREZZA: "Era demanda espontânea, existia uma cota diária para exames que eram realizados no próprio município. Tínhamos ainda convênio com a rede complementar, sempre que necessário, dependendo da complexidade do exame, era realizado por laboratório privado. E relação à farmácia, implantamos a CAF (Central de Abastecimento Farmacêutico) que distribuía os medicamentos para as unidades de saúde e dispensa de medicamentos excepcionais. Essa distribuição era feita de acordo com a demanda da Unidade".

10. MAIS TUPARETAMA: Saúde é multidisciplinar e envolve diversos profissionais, como ACS, fisioterapeutas, odontólogos, nutricionistas, enfermeiros, ACS, etc, como era a relação da secretaria, enquanto gestão, com esses profissionais?

ANDREZZA: "Tínhamos uma relação mútua de respeito e admiração. Sempre valorizei os profissionais que trabalhavam na área, e afirmo com plena convicção que, se a gestão deu certo, o mérito é todo deles". 

11. MAIS TUPARETAMA: Existia algum critério de atendimento para a população que precisava dos serviços da secretaria?

ANDREZZA: "Não, a demanda era espontânea. Atendíamos todos sem distinção. E vou confessar que eu adorava ouvi-los, e tentar resolver seus problemas era uma grande satisfação". 

12. MAIS TUPARETAMA: A prestação da saúde nas comunidades rurais, como Cajueiro, Santa Rita,  etc, como acontecia?

ANDREZZA: "Acontecia de acordo com a avalição de indicadores, sempre colocávamos a zona rural como prioridade, pelas questões de difícil acesso e precariedade dos serviços sociais básicos. Procurávamos, sempre que possível, iniciar as campanhas pela zona rural".

13. MAIS TUPARETAMA: A Casa de Apoio do Recife, contava com algum auxílio da secretaria para mantimentos e estrutura?

ANDREZZA: "Sim, era mantida pela secretaria de saúde, com o pagamento da locação, contratação de profissional para marcação de consultas e exames, mantimentos, material de limpeza, além dos serviços de energia, água e telefonia".







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