terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Quem pode matar? A reação da internet à propaganda do Ministério dos Transportes

A propaganda polêmica do Ministério dos Transportes que a rede não perdoou no primeiro dia do ano


2017 começou dando tapa na cara de quem comemorava o fim de 2016.

Um desses tapas foi a nova propaganda do Ministério dos Transportes, Aviação e Portos, referente a operação “Rodovida”, que promove, junto ao Ministério da Justiça, uma série de ações nas estradas federais no período de festas e férias, a fim de prevenir acidentes. Com o mote “gente boa também mata”, a campanha do governo chamou atenção nas redes sociais.

As peças da campanha utilizam frases como “O melhor aluno da sala pode matar”, com um rapaz negro segurando seus livros, e “Quem resgata animais na rua pode matar”, com uma mulher branca segurando seu cachorro.

Em um dos comerciais, diz: Quem planta árvores pela cidade, quem faz trabalho voluntário, quem espalha amor pelas ruas também pode matar. Responder uma mensagem ao volante pode pôr tudo a perder. Gente boa também mata. Se for dirigir, esqueça o celular.




A propaganda criada pela agência nova/sb, que possui relações estreitas e antigas com o PSDB em diversas gestões (Serra, Alckmin e FHC), gerou polêmica por inúmeros motivos, e como a rede não perdoa, listamos alguns abaixo para você entender melhor a repercussão:

1. Racismo

A bola foi levantada pelo ativista Douglas Belchior, em seu blog na revista Carta Capital. Belchior alerta que o banner em que o homem negro representa o “gente boa” faz representação dele como um assassino. “Apesar dos reiterados estudos, como a do Mapa da Violência 2016 (...), e da contínua campanha de movimentos negros em denunciar o genocídio, para o governo Temer e seu Ministério dos Transportes, quem mata é o jovem negro”, salienta.

2. #ForaTemer

A jogada do governo federal só gerou mais críticas ao (golpista) Michel Temer. E como a guerra memética não pode parar, aliás, a gente adora, teve muita coisa contra o peemedebista na rede para não deixarmos esse safado no poder.




3. Entendeu ou não entendeu?

Algumas pessoas concordaram, outras não. Especialistas também se dividiram sobre o assunto. O que isso gerou? Treta. Quem concordou, achou lindão, baita ideia, genial, chocante etc., começou a dizer que quem achou uma bosta na realidade não entendeu a jogada publicitária. Por outro lado, foi fácil para quem não gostou apenas dizer que, “ok, entendi e é muito ruim mesmo”. É claro, também teve quem entendeu tudo como uma campanha para chocar as pessoas e repercutir na mídia.


4. Pegando a onda (de forma muito positiva)

Sempre tem quem aproveite a treta para lançar ideias realmente inteligentes no meio do furdunço. Foi o que a o SUS e a Prefeitura de São Paulo aproveitaram para fazer após a mensagem sobre a “gente boa” que adota cachorros. Eles lançaram um poster com a frase “Quem resgata animais pode adotar” e logo abaixo “gente boa adota mais um, adote no CCZ”, que é o Centro de Controle de Zoonoses da capital.



5. Alguns dados importantes para dar norte na discussão que deveria ser central

Apesar da campanha no mínimo polêmica, é necessário falarmos sobre mortes no trânsito. Somente entre o natal e o réveillon foram 225 mortes e 2,7 mil acidentes nas rodovias federais brasileiras (parte delas sob execução da operação Rodovida, que começou dia 29, de acordo com release do Ministério dos transportes). Esse dado é 10% menor do que do ano passado, mas ainda é elevado.

Para além disso, o Brasil é o quarto país com mais mortes em acidentes de trânsito no mundo, e o primeiro na América do Sul, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Somente em 2013, foram 41 mil mortes nas estradas brasileiras. Para cada 1 mil, são 23,3 mortes, número que vem aumentando gradativamente nos últimos anos.

Comentário de passagem: não será com o aumento da velocidade nas marginais da cidade de São Paulo que esse número irá diminuir. #FicaaDica. Informações: ninja.oximity.com




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