A poeira e o tesouro
Numa casa simples, um homem simples divide seu pequeno espaço com centenas de objetos antigos, que por sí sós, poderiam retratar com muita clareza o cotidiano do povo nordestino, mas como se não bastasse, seu Lô (como é carinhosamente chamado por quem o conhece), esbanja profundo conhecimento sobre cada um dos objetos expostos em sua espécie de “Museum private”. Impressionante ainda, é perceber a satisfação e o carinho estampados em seus olhos e transmitidos ao falar de suas peças, detalhando cada uma delas como se estivesse lendo ou como se ele próprio fosse o livro disposto a nos cobrir de conhecimento a respeito de sua terra e de sua gente.
Há uma riqueza incalculável nas dependências daquela casa simples e na memória daquele senhor. Há ainda naquele lugar e eu pude testemunhar, um casamento perfeito entre a história e o historiador, há prova incontestável do amor de um nordestino pelo nordeste, mesmo que a poeira da estrada de barro onde ele se encontra, tente tornar turva essa relação.
Jacinto Tunú da Costa, vulgo "Lô Tunú", um sertanejo Tuparetamense residente no sítio Bom Sucesso à dois quilômetros da cidade, montou um rico acervo cultural do homem sertanejo. São centenas de peças e indumentárias que fizeram e que fazem parte do cotidiano do homem do campo, do vaqueiro e da dona de casa. Logo na entrada do sítio nos deparamos com 21 carros de bois perfilados, e alguns velhos arados e cultivadores encostados.
"Visitar o museu de Lô Tunú" é você mergulhar na história de nossa gente sertaneja, que vai desde a vestimenta do vaqueiro ao ferro de engomar, do rádio antigo á máquina de costura. Uma infinidade de objetos que no passado era essencial para sobrevivência e comum no cotidiano das famílias sertanejas.
Este site conversando com Lô perguntamos o que motivou ele juntar tanta coisa:
"Primeiro eu fico feliz quando recebo os amigos aqui na minha casa(Já com os olhos lagrimejando). Eu fui criado na roça e muitas dessas coisas fizeram parte da minha infância e outras pertenceram aos meus avós e bisavós, alguns eu fui adquirindo com amigos ou mesmo comprando. Eu quero preservar nossa história, cada objeto aqui tem seu valor sentimental."
O museu é aberto para visitação,o guia e historiador é o próprio Lô, e diga-se de passagem ele é uma atração a parte, com uma forma engraçada de conversar ele vai contando as histórias de cada objeto, e fala com propriedade.
- Aquela sanfona ali no recanto pertenceu a Zé Pretão,com ela Zé fez até serenata para mulher casa (Cai na risada)
- Aquela canga pertenceu ao meu pai,eu lembro da parelha de bois que puxava o carro carregado de algodão daqui para Bom Jesus (Nome de Tuparetama antigamente)
- Sim, esse cachimbo aqui pertenceu a um velho pescador, ele ia para beira do rio levava uma garrafa de pitú, entre uma baforada e outra tomava uma lapada, acho q o véi bebeu demais e perdeu o cachimbo... (Cai na risada).
O sertanejo é valente, persistente e um vencedor,
A batalha é constante desde os primórdios do desbravamento do Sertão
Nunca se cansa e nem amolenga diante das dificuldades do tempo e do espaço
O sol escaldante, o solo seco e a paisagem cinzenta,
Não é desestímulo ao homem sertanejo
A dificuldade faz até renascer o espírito de bravura.
Pois o sertanejo é corajoso e não reclama fácil diante da tormenta
E segue alegre em busca de um novo alento nas entoadas do sertão.
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